segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Amantes

Há uns dias escutou umas palavras que estavam caladas há uns anos e uma sensação que não sentia há tanto tempo, que nem lembrava mais o quanto doía. As primeiras vezes que sentiu isso, a pessoa que morava ali era outra. Mais nova, menos experiente, mais tolerante, menos inteligente. Naquela época, muitas sensações e sentimentos eram novos. As primeiras festas, fugidas, mentiras, verdades, conselhos, amores. Achava que sabia das coisas, mas nunca achava que sabia de tudo, e que tinha muito a aprender.
Levou uns foras, deu uns foras, mentiu, sabia de mentiras e se deixou enganar, correu pra encontrar alguém, já ficou esperando e não apareceram, chorou, sorriu, dançou, viveu, se apaixonou.
Numa dessas vezes, aquela outra pessoa que morava ali, depois de ter passado por todas essas situações, percebeu o quanto mudou e que não era mais aquela pessoa, só porque se apaixonou.
De verdade. Encontrou um cara legal que se importa com as coisas dela, com as histórias dela, com a vida dela e com ela. E que diz que vai cuidar dela e que não vai mentir. E ela acreditou nele. Eles vivem uma história linda e cheia de loucuras, de afinidades, de discordâncias, de ócio, sexo, amor, beijos, abraços, shows, alucinações e saudades. Tanta saudade que às vezes a dor é física.
Eles tiveram que ficar distantes por um tempo, porque a vida é assim mesmo: encontros, despedidas e reencontros. Agora está cada um vivendo sua experiência, cada um escrevendo sua história. O legal na história deles, é que mesmo longe eles estão perto. Eles estão dentro um do outro.
Ela tem aprendido muito nesses últimos anos e aprendeu que o amor entre duas pessoas acontece, que se você cuidar e cultivar ele cresce e fica mais forte a cada dia.
Quando ela escutou aquelas palavras, muitas coisas se passaram pela cabeça dela e ela sentiu uma tristeza bem grande. Mas ela também se lembrou que amava muito ele e que ele a amava, e que fazia tempo que não sentia a pele dele, nem o cheiro, nem os beijos e nem os abraços dele e o quanto isso a faz feliz e o quanto está fazendo falta na vida dela.
Então ela viu que, apesar da tristeza, a felicidade e o amor eram tão grandes, que disse pra ele que está tudo bem.
Sabe por que ela sabe disso? Por que ele não mentiu.

domingo, 12 de junho de 2011

Do nosso amor.


"A vida é feita de escolhas. Bem clichê essa frase, mas é verdade. Nas nossas escolhas temos a possibilidade do livre-arbítrio e as opções que fazemos, nos levam à caminhos e à situações que desconhecemos e que simplesmente acontecem, pois fomos nós quem escolhemos."

Há 3 anos, aceitei ir comprar um cigarro, depois aceitei uma pizza, depois um convite pra sair em pleno dia dos namorados, um filme, bater papo numa tarde sem nada pra fazer etc.

Depois de um tempo, percebi como me fazia (me faz) bem ter escolhido não ser só. Como dividir pode somar e o quanto se cresce e se aprende compartilhando momentos simples como um passeio, preparar um jantar, arrumar o quarto, conversar sobre coisas banais, dormir na mesma cama, fazer planos juntos...
E hoje, mesmo você não estando aqui do meu lado, mesmo não tendo acordado com cafuné e "bundinha, chuchu!", quando me lembro do nosso amor e das coisas lindas que ainda viveremos juntos, sei que fiz a escolha certa quando disse "aceito voltar", naquele dia.
De uma forma estranha eu quase que podia prever os momentos de felicidade que estavam por vir e que seria injusto e até um erro recusá-los.
O dia de hoje é a maneira capitalista para a "materialização" do amor.

Mas a força do amor entre duas pessoas é algo tão grande e intenso que apenas um dia de comemoração é muito pouco, para não dizer irrelevante.
O amor acontece no cotidiano e está presente nos pequenos gestos e nas gentilezas, nos olhares, no cuidado que se tem com a pessoa.

Obrigada por cuidar de mim, Thiago, e por ser tão lindo comigo.
Te amo muito e sinto muita saudade.

Beijo.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Liquidificador


Depois de um longo e tenebroso inverno resolvi tirar o pó desse blog.
Mas pq agora? Não sei...
Talvez pq eu seja do tipo de gente que precisa estar sentindo uma dor ou uma saudade pra escrever coisas. Quando estou feliz sou do tipo que gosta de falar.
Esses mais de dois anos sem postar nada aqui me aconteceram coisas incríveis.
Voltei pro caminho do qual havia me perdido em algum momento da minha vida. A cada experiência me senti mais perto de mim. Me descobri novamente...
Mudei muito. Agora sou mais calma, mais sensata e mais sincera nas minhas escolhas.
Coisas que antes me machucavam, agora não são tão relevantes na contagem das emoções. Alegrias que antes eu sentia, agora sei que não eram tão intensas quanto eu imaginava.
Cresci. Amadureci. Aprendi a selecionar minhas companhias, minhas palavras e meus amores.
E tudo isso só foi possível por que eu me permiti duas coisas: Amar. Ser amada.
Quando me presenteei com essas duas escolhas descobri o quanto somos grandes e o quanto podemos suportar. Abrir o coração pra alguém pode ser muito edificante. Pra mim foi.
Dividir minhas emoções me fizeram mais forte e mais feliz também. Descobri que posso suportar mais do que eu imaginei, que chorar e falar me aliviam, que existem sim pessoas que um simples abraço ou um olhar demonstram um amor que eu não imaginei que existisse.
A vida é muito louca. Aprendi em dois anos coisas que não aprendi em vinte e dois.
O amor muda a gente. Muda pra melhor, senão não seria amor.
Esse ano vai ser "do muito". Muitas mudanças, muitas conquistas, muitas novas experiências, muitas pessoas, muita dificuldade e principalmente muita saudade. Do passado, do presente e do futuro. Mas passa.

"Eu vejo um bonito farol no meu horizonte quando me lembro de seu amor."

quarta-feira, 4 de junho de 2008

O segredo de quem vive


‘‘Ontem senti medo de morrer. Talvez pelo sentimento de despedida que tomou conta de mim. Talvez por ter chorado no chuveiro. Talvez por ter treinado o perdão e o discurso de amor aos que estão por perto de mim. Senti que hoje não acordaria. E o que mais me doeu foi imaginar que talvez não fosse digna d acordar. Entristeceu-me a idéia de que as pessoas estariam muito ocupadas e preocupadas para pensar em minha morte.
Essa cama poderia, pela última vez sentir o meu peso.
O LP que foi preparado não seria gravado.
A roupa nova que nunca será usada.
As meias palavras não completadas.
Afinal, é a única certeza de quem vive!
Pela janela do meu quarto poderiam me jogar, se fossem altas o suficiente.
Para o chão?
Faltou-me olhar pra o céu...
Mas passa-me pela cabeça a última vez que vi determinadas pessoas. Com o rosto que as deixei, com a expressão que nelas provoquei. Perpetuar-me nas palavras rudes que dei a elas...Não! Vale a pena ser agora?
Afasto os demônios que tentam me empurrar escada a baixo, grito, peço.
Deixem! Dêem uma chance.
Então, lúcida, apalpo meus braços, meu rosto. Ao meu redor...é realidade.
Que momento foi aquele?
Respiro fundo, e o ar massageia meus pulmões, minha cabeça. E alivia-me.
É esta a realidade.’’

(Pagu)

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Ironia!

Ironia! Ironia!
Minha consolação! Minha filosofia!
Imponderável máscara discreta
Dessa infinita dúvida secreta,
Que é a tragédia recôndita do ser!
Muita gente não te há de compreender
E dirá que és renúncia e covardia!
Ironia! Ironia!
És a minha atitude comovida:
O amor-próprio do Espírito, sorrindo!
O pudor da Razão diante da Vida!

(Raul de Leoni)

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Por não estarem distraídos

Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.
Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.
Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto.
No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram.
Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios.
Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.

Clarice.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Gentileza

Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
A palavra no muro
Ficou coberta de tinta

Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
Só ficou no muro
Tristeza e tinta fresca

Nós que passamos apressados
Pelas ruas da cidade
Merecemos ler as letras
E as palavras de Gentileza

Por isso eu pergunto
À você no mundo
Se é mais inteligente
O livro ou a sabedoria

O mundo é uma escola
A vida é o circo
Amor palavra que liberta
Já dizia o Profeta